15.8.09

a lenda de el boaventura e emilly jones tupucuramã

Primeiro dia fora da cadeia e eu pensando que agora ia tomar jeito na vida quando ela para na porta do botequim num caminhão roubado cheio de contrabando do Paraguai. Foram dias de amor intenso e adrenalina em nossa fuga rumo à fronteira da Bolívia, eu sempre com as mãos ao volante, ela com uma garrafa de cana numa mão e um maço de Lucky Strike na outra. Como se não bastassem os tiras em nosso encalço, sua mãe ainda contratou quatro dúzias de matadores canibais amazonenses para fazer pagar “aquele que corrompeu sua filhinha”. Mal sabia minha raivosa sogra que o plano foi todo dela. Após semanas de estrada ruim, tiroteios com tiras, fugas dos matadores canibais amazonenses e amor selvagem que estavam acabando com minha integridade física e mental, finalmente avistamos a fronteira ao longe,
onde um pelotão do exército brasileiro, dois caças da FAB, os Agulhas Negras, uns oitenta índios pelados com cara de tarados famintos, os matadores canibais amazonenses, uns tiras metidos a FBI, o Evo Moralez, duas onças, uma jaguatirica, um tucano, três macacos com as mãos, respectivamente, nos olhos, boca e ouvidos, duas lombadas, um gato persa e o chupacabras nos aguardavam fazendo uma barreira para impedir o sucesso de nossa empreitada. Mas aí Emilly Jones Tupucuramã (sobrenome indígena), utilizando dos poderes de seus ancestrais, executou a dança do Totlchuknorris (em tupi: “agora lascou”) que fez o rio Amazonas mudar seu curso momentaneamente e nos levar direto pro rancho do Zé Albano, na Sabiaguaba, onde permanecemos escondidos até finalmente receber a tão esperada anistia do governo brasileiro (graças a um desconto que demos pra Dilma num laptop que trouxemos na carroceria).

Um comentário:

ito disse...

não sabia que lucky strike dava lombra.